Eppi Cinema

Crítica: Homem com H (2025) retrata Ney com ousadia e alma

É difícil contar a história de alguém que nunca se encaixou em padrão nenhum. Mas Homem com H, filme sobre Ney Matogrosso, faz justamente isso — e sem tentar “domar” o artista. Pelo contrário: o longa mergulha de cabeça na teatralidade, na sexualidade, no exagero e na ousadia que sempre fizeram parte da trajetória do cantor.

Dirigido por Esmir Filho e estrelado por Jesuíta Barbosa, o filme não tem medo de ser visualmente extravagante, emocionalmente intenso e, acima de tudo, fiel ao espírito livre de Ney. É uma cinebiografia que foge do comum — sem tom professoral, sem filtro, sem medo de chocar.

Desde o início, fica claro que esse filme não quer apenas “contar” quem foi Ney Matogrosso. Ele quer fazer o público sentir o que é ser Ney. E para isso, usa tudo: luzes coloridas, música alta, figurino ousado e coreografias cheias de energia.

O roteiro não segue uma linha reta. Vai e volta no tempo, mistura cenas reais com momentos quase oníricos. Mas isso não atrapalha — na verdade, combina perfeitamente com o artista retratado, alguém que nunca se preocupou em seguir o “normal”.

Interpretar Ney Matogrosso não é tarefa fácil. Estamos falando de uma figura cheia de personalidade, voz marcante, movimentos teatrais, presença magnética. Mas Jesuíta Barbosa encara o desafio com coragem e entrega total. Ele não imita Ney — ele se transforma.

A crítica não economizou elogios. E com razão. Até o próprio Ney disse que ficou impressionado com a atuação. É daquelas performances que definem uma carreira.

Homem com H

Um dos méritos do filme é não suavizar nada. Mostra os amores de Ney, os conflitos com o pai, a repressão da ditadura, os julgamentos do público. Mas tudo isso sem cair no drama fácil. Ao invés disso, o filme trata esses momentos com sensibilidade, sem pudor e sem censura.

As cenas mais sensuais, por exemplo, não estão ali para provocar — estão ali porque fazem parte de quem Ney é. E são filmadas com cuidado, poesia e respeito. A política também aparece, principalmente nos momentos em que Ney desafia os padrões e confronta a moral conservadora.

Homem com H não tenta parecer “sério” para ser levado a sério. Ele entende que Ney Matogrosso foi (e é) um artista que chocou, encantou e libertou — e faz um filme à altura disso. Tudo é pensado para ser impactante: os figurinos, a trilha sonora, a fotografia.

Mas o que mais impressiona é como o filme consegue equilibrar esse espetáculo todo com emoção de verdade. Ele não vira uma caricatura. Ele emociona — e muito.

Em vez de seguir o caminho fácil da nostalgia ou da fórmula pronta, Homem com H decide correr riscos. E acerta. É um filme que celebra a liberdade de ser quem se é, mesmo que isso signifique incomodar.

No fim das contas, Homem com H não é só sobre Ney Matogrosso. É sobre o direito de existir sem se desculpar. É sobre arte como resistência. É sobre colocar uma pena na cabeça, um batom na boca, e subir no palco com orgulho. E se isso não é ser “homem com H”, o que mais seria?

Onde assistir

Homem com H (2025) já está disponível no catálogo do Eppi Cinema. Basta acessar o app em seu celular Android para assistir à cinebiografia mais intensa e libertadora do ano — quando quiser e onde estiver.

Deixe um comentário