Table of Contents
Um dos filmes mais comentados do ano finalmente chegou. Dirigido por Ryan Coogler (Pantera Negra, Creed) e estrelado por Michael B. Jordan, o longa Pecadores (título oficial no Brasil) reúne novamente a dupla de sucesso em um projeto ousado que mistura horror sobrenatural, crítica social e cultura afro-americana em um cenário ambientado no sul dos Estados Unidos.
Estreando em abril, o filme arrecadou US$ 350 milhões nas bilheterias globais e conquistou a crítica: 97% de aprovação no Rotten Tomatoes, nota A no CinemaScore (uma raridade absoluta para o gênero de terror), IMDb 7,9 e Metacritic 84. O feito é inédito — é a primeira vez em 47 anos que uma produção de terror recebe a nota máxima do CinemaScore, um termômetro de aceitação do público norte-americano.
Mas o que torna Pecadores tão singular?

Uma história de terror com raízes no blues e na luta por liberdade
O filme se passa em 1932, na pequena cidade de Clarksdale, Mississippi. Os irmãos gêmeos Smokey e Stokes (ambos interpretados por Michael B. Jordan) retornam à terra natal com planos ambiciosos: abrir um bar em um antigo galpão, trazendo consigo uma fortuna e um caminhão de bebida ilegal. Ao lado de músicos talentosos — como o primo Sammy e o pianista Slim — eles transformam o local em um verdadeiro santuário cultural para a comunidade negra.
No entanto, o que começa como uma celebração regada a blues e liberdade, logo se transforma em um pesadelo. A presença de três forasteiros misteriosos, entre eles o vampiro Remick (Jack O’Connell), ameaça a sobrevivência do grupo. O que parecia uma noite de festa vira um banho de sangue — literalmente.

Terror simbólico: mais que sustos, há camadas de crítica social
Apesar da expectativa de um terror puro e visceral, o filme escolhe um caminho mais denso e simbólico. Sim, há momentos intensos e cenas gráficas, mas a força de Pecadores está na metáfora política e histórica.
A figura do vampiro funciona como alegoria do colonialismo, do racismo institucional e da tentativa de apagar culturas minoritárias. Remick, por exemplo, é irlandês — um povo que também sofreu opressão histórica, mas que, ao longo do tempo, buscou aceitação nos círculos de poder americano. A transformação de Mary (Hailee Steinfeld), ex-namorada de Stokes, em vampira após ser mordida, ecoa o dilema de quem escolhe se render ao sistema em troca de sobrevivência.
O filme é também um retrato vívido da segregação racial da época: bilheterias exclusivas para brancos, insultos nas ruas e o constante estado de alerta vivido por qualquer pessoa que não fosse branca.
Música como arma e resistência
A trilha sonora baseada no blues não é apenas decorativa — ela é parte central da narrativa. A música tem poder, invoca memórias, rompe as barreiras entre vivos e mortos, entre opressores e oprimidos. Em uma das cenas mais marcantes, o bar se transforma em uma utopia efêmera, onde o passado e o futuro da cultura afro-americana se encontram através de montagens rítmicas com tambores africanos, hip-hop, elementos de jazz e até referências ao teatro tradicional asiático.
A guitarra de Sammy, por exemplo, representa mais do que talento musical: ela é símbolo de resistência. E quando o pai tenta convencer o jovem a largá-la, a mensagem é clara — abrir mão da arte é abrir mão da identidade.

Quem são os “Pecadores”?
O título do filme levanta uma pergunta central: o que significa ser “pecador”? A resposta não está no crime literal, mas sim na ideia religiosa de “pecado original” — o ato de desafiar a ordem estabelecida.
Neste sentido, os personagens de Pecadores são aqueles que ousam querer mais: liberdade, dignidade, pertencimento. Eles não são vilões, mas sim rebeldes em busca de um mundo melhor. E é exatamente esse embate entre subjugação e autonomia que torna o filme tão poderoso.
Onde assistir
O filme Pecadores já está disponível para streaming no Eppi Cinema, com áudio original e legendas em português. A plataforma oferece qualidade HD e acesso rápido, permitindo que o público brasileiro explore essa mistura intensa de terror, música e crítica social no conforto de casa.
Conclusão: menos sustos, mais impacto
Pecadores pode não ser o filme de terror mais assustador do ano — ao menos não no sentido convencional. Mas é, sem dúvida, um dos mais relevantes. Ao unir o horror com o peso da história, da música e da representatividade, Ryan Coogler entrega uma obra provocadora, estilizada e com alma.
Se você espera apenas monstros e sustos, talvez se decepcione. Mas se busca uma história rica, com identidade cultural e mensagens profundas, este é o tipo de filme que merece ser assistido — e discutido.